10 de jun. de 2007

Fragmentos II

Tanto mais eu te contemplo
tanto mais eu me absorvo e me extasio


Como te explicar o que em teu corpo eu sinto
o que em teus olhos vejo
quando nu nos meus braços
no meus olhos nu de novo eu te procuro
e no teu corpo vou-me achar?

Como te explicar
se em teu corpo eu me eternizo
e de onde e como sendo eu pequena e frágil
pelo amor me dualizo?

Tanto mais eu te possuo
tanto mais te tornas belo
tanto mais me torno pura

E à força de tanto contemplar-te

e de querer-te tanto
já pressinto que em mim mesma

eu não me tenho

mas de meu ser ora vazio
pouco a pouco fui mudando
para o teu ser de graça cheia


A.SantAnna




9 de jun. de 2007

Eu sei quando te amo

Eu sei quando te amo ...

É quando com teu corpo
eu me confundo não apenas

nesta mistura de massa e forma
mas quando na tua alma
eu me introduzo e sinto

que meu sangue corre em ti
e tudo que é teu corpo
não é senão um corpo meu
que se alongou de mim

Eu sei quando te amo ...

É quando eu te apalpo e não te sinto
e sinto a mim mesma.
Então me abraço a mim que amo
e sou dois em mim mesma
com corpo teu pulsando em mim



Fragmentos I

Tu sempre foste um e sempre foste meu
ainda quando a cor e a forma tua se fundiam
com outra forma e cor que tu não tinhas
Por isto é que te falo de umas coisas
que não lembras nem nunca lembrarias
de tais coisas entre mim e ti
ainda quando tu não me sabias
e dividido em outras te mostravas
e assim disperso me ouvias
Tu sempre foste um
ainda quando o corpo teu
com outro corpo a sós se punha
pois o que me tinhas a dar
a outra nunca o deste e nunca o doarias
Por isto é que te sinto com tanta intimidade
e te possuo com tanta singeleza
desde quando recém vindo
ostentavas nos teus olhos grande espanto
de quem não compreendia a antiguidade
desse amor que em mim fluía.



8 de jun. de 2007

Saudade

O sentir sua presença
Mesmo na sua ausência
Seu cheiro que o meu corpo exala
O gosto seu brincando no céu da minha boca

Saudade....

Ando pela casa no sofá nos vejo
Cegam-me seus olhos de desejo
A varanda, nosso jantar
A cozinha e nosso desnudar

Saudade...

Vem!
Vamos ouvir nossa música

Vem!
Mata a saudade

Me traz você!
M. Almodóvar



in Fusão

Como um raio de sol que atravessa uma densa nuvem,
voce aparece e sinto-te no ar ...
Corpo e vento...
Luz, luar....
Estranhamente voce preenche o espaço, domina o ambiente!
És único no meu tempo,

no meu espaço e na minha mente.

Chamava por você no silêncio,
Buscava por você na distância,
e agora a sua presença entra pela minha retina
e conforta o meu coração
já calmo na sua companhia..

Uma alegria toma conta de mim...
Uma euforia se manifesta
mas,
mantenho-me estática, atenta aos seus movimentos.
E espero que procures por mim,
apesar do enorme desejo de correr para o seu abraço.
E mesmo que não me chame
sinto-me acarinhada e cuidada.
Já não estou só, já não estás só
Estamos juntos
E mesmo no silencio
Sentimo-nos - um no outro -

E na distância,
conseguimos nos tocar através das palavras
E no silêncio, conseguimos sentir,
através do desejo que temos


2 de jun. de 2007

Corpos Unidos


... e me puseste no teu leito com cuidados de amante perfeito...
De desejos minha alma estremece,
O mundo pára, a volúpia cresce...
Cerro os olhos e sinto a tua boca em meu ventre qual borboleta,
Beijando flores em festa louca e a tua destra que meu seio aperta...
Depois, teu corpo ao meu unido, explorando os meandros do meu ser interno,
Busca a fonte do prazer com carinho terno..
Penetra suas águas para ser ungido...
É um impudor na minha idade, um êxtase devasso que me vence,
Gozo de vibrante ansiedade,
Dar-te este corpo que a mim já não pertence...
E nele fazes estranhos arabescos,
Envolves-me em pecados dantescos como serpe em voluptuosa dança,
E cravas tua semente como se fosse lança...


31 de mai. de 2007

O desejo do amor

conduz-me

a uma vontade imensa

de paixão.


O Fogo do Prazer

De tanto esperar em vão e já fatigada,
Dando um tempo para a minha dor, adormeci....,

E ao meu lado, com sorriso largo, sonhei que via,
Teu rosto moreno, teu olhar verde-esmeralda...
Trazias nas másculas mãos o fogo do prazer,
E, enamorada, meu corpo aconcheguei entre elas,
Estopim e fluido que não deixam físicas seqüelas,
Chama fria que queima a alma e me faz viver...

Que louco frenesi que me tomba no leito vencida,
Que esvazia meu ser e o deixa em incrível leveza,
Desnuda os segredos, mostra o horror e a beleza,
Labirinto de devassas sensações onde estou perdida!
Neste lúbrico sonho és a fera que as garras lança,
E insensível aos meus gemidos e sensuais clamores,
Rasga minha carne em quentes rubras flores,
E, entre elas, planta a primitiva semente da esperança...
E, deste afã de possuir-me, nunca te cansas,
Exiges meu corpo nu exalando suaves odores,
Espalhas minhas formas no leito e como ramas de lores,

Com as minhas, tuas longas pernas tranças...
E neste divino momento, dou-te tudo, a nada me oponho,
Deixo meu corpo, solto, flutuando sem gravidade,
Neste espaço onírico onde tudo é felicidade,
Tudo perfeito para que, indefinidamente, dure este sonho...