14 de out. de 2006

Teu corpo solto


Teu corpo solto, abandonado ao êxtase de estar
Tuas curvas, tortuosas, delirantes
São varridas pelo tecido que te envolve a pele
Que desliza em cantiga
Acalanto tua carne desnuda, túrgida, alva,
trêmula, palpitar de fruta fresca
Teus olhos iluminam o quarto
Tua boca tece o silêncio
Teus ouvidos segredam notas
Teus seios macios, salientes, calientes, doces
Que minhas mãos envolvem a descobrirem os róseos medalhões
Que tocam o céu
O céu de minha boca faminta, sedenta
Tuas pernas, colunas, arco de flores, roliças,
se abrem feito portais de mistérios intemporais, leutos, descerram
Imbecilizado vislumbro tua corbelha de flores
Flor de lótus, pérola oculta
Tua Rosa que desabroch, tua flor que aflora
Beijo teus vermelhos lábios longamente
Vasculho essa mística boca entre doces pétalas
Dela extraio o néctar, polinizo assim minha garganta
Mas o desejo de cobri-la, de conquistá-la feito guerreiro
Só e derradeiro...
Numa fusão de corpos, de suor, de carne, de calor
Meu velo de couro devagar invade tua rubra taça
Tange, dilacera, deflora tua flor que aflora
possui tuas entranhas latente
pulsa, impulsa entre sussurros desconexos
E imagens a fins
Derramo o leite dos Deuses
E transbordo teu cálice de Amor.

Lui Bucallon

Beijo

-

Beijo partido de vidro
incandescente.
De cores escorridas
e pincéis sujos.
Beijo de papel branco
No canto jogado.
Beijo cheio de ausências,
de cortes e dores,
De braços cansados.
Beijo de caminho sem volta,
de quarto vazio.
Beijo sem boca,
Sem corpo, sem custo.
Beijo no claro
e vazio da minha alma
Que se solta... calma.




Silvia Brito


11 de out. de 2006

Reencontro


Soneto da Separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E as bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Morais

O Caminho das Nuvens

-

Senti na pele os dedos teus colando em mim um surfe estranho a voltejarem minhas ondas, olhando enfim para as paisagens tão redondas, ouvindo o som do que de longe já conheces.
E tomas posse do terreno demarcado que amanhece todo dia em cama fria.Porém que túmido servil e orvalhado sabe mostrar das noites frias resultado, Terreno morno que se tranca a esperar que possas vir, [de alguma nuvem despencar] , Para sorver na noite a fonte do esplendor, e colhermos juntos tão sentido e doce amor!





Eliana Mora


Enquanto você dormia.....

Enquanto você dormia tentei descobrir a receita da felicidade
para dar à você em doses homeopáticas,
para que ficasse dependente de mim:
Esse é meu lado egoísta.
Enquanto você dormia tentei negociar com Deus
alguns anos de vida em troca de um par de asas
que me permitissem alçar vôo até você:
Esse é meu lado sonhadora.
Enquanto você dormia eu aprisionei o vento,
silenciei os sons da noite e calei os seresteiros
para que o silencio embalasse teu sono:
Esse é meu lado anjo da guarda.
Enquanto você dormia eu apaguei todas as estrelas ,
desliguei a lua, coloquei vaga-lumes atrás das montanhas
e pedi as nuvens para te embalar;
Esse é meu lado fada.
Enquanto você dormia encomendei um amanhecer perfeito,
pedi ao sol para despertar depois de você
e iluminar os caminhos do teu dia:
Esse é o meu lado bruxinha.
Enquanto você dormia tentei me manter acordada
para sentir o quanto te amo
até concluir que melhor era dormir e te encontrar no sonho:
Esse é meu lado carente.
Enquanto você dormia eu tecia sonhos
com os fios de lembranças de nós dois
enquanto meus olhos relutavam entre o sono e o despertar:
Esse é o meu lado saudade...
Enquanto você dormia pensei numa frase
que traduzisse meu sentimento para que você lesse,
enquanto eu dormia: ” Já disse hoje que te amo?”:
Esse é meu lado Amor!!

Lady Foppa

6 de out. de 2006

Entranhas

O sorriso caiu entre as pétalas de mim:o cio.
Esperma aos farelos.
A lua bóia na taça de sangue.
Entre os sopros selvagens, tórridos toques
(sinceros como um cadáver).
Com os dedos enfiados no vento, quero lamber a liberdade.
Já esfacelei minhas lágrimas...
Enquanto o sol baba sobre mim,
vou varrendo minha sombra com restos de beijos...
A esperança dormiu.
Entre os subúrbios de mim: a dor.
Bolhas de areia,
cacos de suor...
Há bolor nas estrelas.
Eis-me pecado!
Eis-me boca!
Pouca coisa: alfinetes incendiados.
O amor vai pingando sobre o telhado,
amargo enquanto vocábulo: deserto parido.
A vida é um estupro: nasci para morrer.
Renascer das cinzas, das sobras,das teias...
Vou lutar até o orgasmo.
A noite arrotou.
Assim seja, assim sangre...
Entre a poeira de mim: o prazer.
Caroço de paixão.
Vou morrer...
Vou morrer...
Mas é só para te humilhar.
Vem...
Degola meu cheiro.
Não sou mulher,
sou distanásia.

Agostina Akemi

Do teu cheiro


O gosto da tua pele
sal impregnado em meus lábios
que me mata de sede
à beira da fonte dos teus prazeres.

O teu gosto na minha boca
mel que sacia meus desejos
na hora derradeira do medo
de te perderem meio aos lençóis.

O teu cheiro impregnado
no meu corpo
perfume raro
que nem a chuva
leva de mim...
Bacca

Receita




Eu sonhei com tua pele
E ela cheirava:
Almíscar,
Canela,
Pimenta,
Tempero e Homem.
Verti memórias em desejos
Cozinhando minha angústia
Nos sumos do teu corpo:
Saliva
Sêmem
Suor
Gemidos
Fome e fantasia.





Paulo Mont'Alverne

5 de out. de 2006

Poeminha viscoso


Em meio a teu visgo
me sinto emplastrada
feliz e cansada!
Eliana Mora

Traição

Viajo até o ponto mais arrepiante da tua nuca
Percebo o endurecimento do seu corpo
Teus braços
Tua boca
Arrepios
Calafrios
Minha mão decorando teus poros
A ponto de contá-los
Um a um
Conheço o gosto de cada centímetro
Beijos
Cheiros
Misturas

Sinto tremores
Amores
Fisgadas
Calafrios
Minha mão decorando teus pelos
Conheço-os um a um
Cobertura delicada
Já não sei onde fica a sua boca
Língua

Mistura
Carnes em estado de fusão
Corpos em estado de tesão
Gozo
Gritos
Beijos
Mentiras
Promessas falsas
Traição

Senne

Luxúria






Quero descobrir
Teu corpo, teu suor
Percorrendo, correndo
Sem pressa os instintos.
Deixar mãos
Colarem pernas
Marcarem seios
Rasgarem bocas.
Quero tua descoberta
Feita em meu corpo
Na luxúria nossa de cada dia






Paulo Mont'Alverne

4 de out. de 2006

Aqui te amo sentado sobre esta pedra
Que ainda retém calor do sol.
Sinto teu corpo
Aquecendo o meu que está tristonho e frio.
A tarde lança seus punhais dourados
Para todos os lados e alguns deles
Penetram-me o peito que sangra
E tudo se faz ainda mais sombrio
Só, Meu olhar se estende,
sobre águas escuras.
Errante...
Navega a deriva sem o olhar amigo
Para guiá-lo ao abrigo
Como faz o farol com os barcos distantes

O céu estrelado que era alegre
Quando teus olhos me fitavam das estrelas maiores
Já não me conta histórias de guerreiros,
Navegadores, caçadores e amantes...
É agora palco de atores invisíveis
Por trás das cortinas negras
Ensaiando meu drama de amor.
Um navio,
Só,
No horizonte, agora imaginário,
Sobe e desce ondas na escuridão.
Mergulha suas luzes brancas...
Aparece...
Quase desaparece...
Lento...
Carregado de melancolia.
É mais triste que ele meu coração
Que também segue só.
O vento que entre palhas dos coqueiros
Cantava canções, acariciava teus cabelos
E o sorriso que sorrias,
Agora uiva lamento como lobo ferido
Lambendo suas feridas,
só.
Longe, uma estrela alta caiu no mar...
Devia guardar em segredo o pedido feito.
Engano...
Pois bem podes imaginar qual seja.
Recebo respingos salgados do oceano
Esbofeteando as rochas
E meu rosto sente a dor do amante
Que ama o que não tem.
Estás tão distante...
por quê não vens?
Vou ao abandono do adormecer...
Talvez o sofrer seja menor no sono.

Antonio M. Fenandes

Ah! Esse Homem


Ah! esse homem.
Que me toca os seios,
Como um beija-flor toca, no jardim, as flores,
Arrepiá-me despertando antigos devaneios,
De mãos no meu corpo em longos passeios.

Ah! esse homem.
Que me cobre de beijos,
Que deixa marcas denteadas nos meus braços,
Expõe minha anatomia nua sem segredos,
Como se fosse um quadro de célebre pintor,

E a mira com olhos de sol coruscante,
Incendeia a tela com seu fogo sagrado,
Remexe a lava, no fundo, adormecida,
Do vulcão dos meus profundos desejos,
Fazendo explodir em mim a mulher plena,
A amante ardente de gestos delicados,
Que pouco se importa com os espinhos,
Para ser a dona dos seus carinhos.
Ah! Esse homem.
Maria Hilda de J. Alão

3 de out. de 2006

Boa noite Amor....


"Hoje ao pensar em ti, sinto mais que um desejo …
Sinto uma gana enorme de te agarrar,
de te beijar a boca
e de te olhar profundamente nos olhos
para advinhar suas vontades;
de te tocar, te arranhar, te mexer …
amansar os teus cabelos …
Ou simplesmente …
de leve tocar os teus lábios, morder,
desesperar, arder no teu corpo
Brincar com as tuas mãos, brincadeiras inocentes,
esquecer a solidão, fazer-te vibrar, rir, gemer, gritar…
Hoje ao pensar em ti o existir já não existe;
Tenho-te, tens-me, inseparáveis
por aquilo que somos enquanto nos temos....
Boa noite amor …"

Quando...

"Quando eu souber
com que flores te conquistarei,
metade de mim será jardim."


Gylmar Chaves

1 de out. de 2006

Saudades Secretas


Já alguma vez te disse
que tenho saudades do teu corpo?
da tua pele branca e macia
que parecia colar-se à minha?
dos teus dedos que percorreram o meu corpo
com a certeza do caminho?
dos teus braços firmes
que docemente me enlaçaram?
dos teus olhos
sorridentes e sonhadores?
do teu sexo
que em mim se entranhou?
não...
nunca disse...
nem o vou dizer hoje