4 de out. de 2006

Aqui te amo sentado sobre esta pedra
Que ainda retém calor do sol.
Sinto teu corpo
Aquecendo o meu que está tristonho e frio.
A tarde lança seus punhais dourados
Para todos os lados e alguns deles
Penetram-me o peito que sangra
E tudo se faz ainda mais sombrio
Só, Meu olhar se estende,
sobre águas escuras.
Errante...
Navega a deriva sem o olhar amigo
Para guiá-lo ao abrigo
Como faz o farol com os barcos distantes

O céu estrelado que era alegre
Quando teus olhos me fitavam das estrelas maiores
Já não me conta histórias de guerreiros,
Navegadores, caçadores e amantes...
É agora palco de atores invisíveis
Por trás das cortinas negras
Ensaiando meu drama de amor.
Um navio,
Só,
No horizonte, agora imaginário,
Sobe e desce ondas na escuridão.
Mergulha suas luzes brancas...
Aparece...
Quase desaparece...
Lento...
Carregado de melancolia.
É mais triste que ele meu coração
Que também segue só.
O vento que entre palhas dos coqueiros
Cantava canções, acariciava teus cabelos
E o sorriso que sorrias,
Agora uiva lamento como lobo ferido
Lambendo suas feridas,
só.
Longe, uma estrela alta caiu no mar...
Devia guardar em segredo o pedido feito.
Engano...
Pois bem podes imaginar qual seja.
Recebo respingos salgados do oceano
Esbofeteando as rochas
E meu rosto sente a dor do amante
Que ama o que não tem.
Estás tão distante...
por quê não vens?
Vou ao abandono do adormecer...
Talvez o sofrer seja menor no sono.

Antonio M. Fenandes