28 de mar. de 2009

Hora do Planeta

Ok.. confesso que não foi fácil ficar sem luz .. Mas no fundo valeu a experiência e nessa uma hora em quase total escuridão, aproveitei para fazer o que ha muito tempo não fazia: olhar o céu!!
Não estava uma noite muito estrelada por causa da época de chuvas, mas mesmo assim sentei no degrau da varanda e busquei as poucas pontinhas reluzentes que se exibiam na imensidão daquele céu tão negro.
Lembrei da minha infância vivida na fazenda. Quando ao cair da noite todos se reuniam na grande varanda. Os adultos sentavam ao redor da mesa e conversavam calorosamente sobre coisas que eu não entendia e as crianças tentavam aproveitar ao máximo os poucos minutos que lhes restavam pois era certo que em pouco tempo seriam mandadas para a cama.
Não havia televisão, telefone, rádio ou computador. O único meio de comunicação com a civilização era possível através de um Radio Amador que meu pai e meus tios mantinha trancado em um quarto onde éramos proibidos de entrar sem a companhia de um deles. Desobedecer essa ordem era criar uma grande confusão, pode apostar!
Mas, voltando a minha varanda e deixando as lembranças da minha infância que já lá vai muuuuuuito longe, venho para lembranças mais recentes (não muito, claro! rs): a minha juventude.
Eu sempre preferi a Noite ao Dia. Me identifico com o silêncio e a paz que há nela. Por outro lado, na juventude, me identificava mais ainda com as Baladas! Nossa... não posso mesmo reclamar. Vivi intensamente cada dia e, principalmente, cada noite da minha juventude! (quem me conheceu nessa época que o diga.. rs).
Acho melhor voltar para a varanda de novo!...
Bem, com o apagar das luzes a sensação que tive foi de que o silencio fazia barulho. Achou graça né?? Mas é isso mesmo! Experimenta e vai me dar razão. Mas, tem que desligar o quadro de energia. Caso contrário ainda ouvirá os sons familiares da geladeira, do freezer, relógios, etc... Desliga tudo mesmo e vai ter nos ouvidos o barulho oco do silêncio.
É esse som complicado de explicar, que me embala, me traz a mente lembranças, ao coração saudades e me instiga a escrever. Aliás, muito de tudo o que tenho registrado hoje, escrevi nas madrugadas, quando todos dormiam. Ao som de um latido muito distante, uma música em algum lugar, um carro passando na rua ao lado ou mesmo ao som do tique-taque do relógio sobre a mesa.
Esta uma hora no escuro me fez ver não apenas o brilho da estrela no céu. Serviu também para eu reviver, relembrar e sentir o quão iluminada sempre foi a minha vida e que mesmo nos momentos mais dificeis, a luz mesmo com menos intensidade, sempre me orientou o caminho.
Hoje, sentada na varanda, com as luzes apagadas, tive a certeza de que mesmo na escuridão a vida pulsa dentro de mim. Constatei que escuro não é falta de luz, mas sim falta de entusiasmo pela vida e que o que importa não é ver o caminho, mas seguir em frente, superando tudo, reaprendendo se necessário, descobrindo, fazendo a nossa parte e, acima de tudo, doando-se!
Taí.... gostei de ter participado e me oportunizado mais essa vivência!