6 de jun. de 2008

O dia hoje não foi dos melhores. Por algum motivo que não descobri, amanheci com as tremendas e tão temíveis dores na coluna e quando elas surgem, hummm!!!.. já sei que terei um dia de cama e remédios que amenizam a dor mas me deixam com um sono descomunal. Não é sempre que acontece isso. Geralmente elas surgem em situações de stress ou atividades de impacto, mas desta vez juro que estou inocente.. Nem estou sob stress e muito menos pratiquei atividades proibidas.
O impacto que tive hoje foi no meu coração pela manhã quando abri a minha caixa de e-mail e encontrei lá noticias de uma pessoa que amo de paixão e que há muito não sabia dela. Mas não foi esse impacto o causador da minha dor, pelo menos não esta da coluna, pois já estava devidamente medicada quando abri o computador. A dor que me causou esse impacto foi outra. Foi no coração. Foi lembrar o quão longe estou dela e do quanto ainda terei que ficar. De constatar que o tempo pode passar cada dia mais devagar até chegar a hora apropriada e recomeçar a fazer planos.
Foi por causa desse e-mail que o remédio que me ‘tomba’ não fez efeito e permaneci no computador lendo e pensando, tentando entender o que se passa com o mundo. E foi ai que viajei legal imaginando o que eu faria se tivesse uma varinha mágica ou se ganhasse de um gênio alguns pedidos. Só não poderiam ser apenas três, pois não resolveriam muita coisa. Talvez uns dez pedidos. E, sem querer ser demagoga, cheguei à conclusão que alguns deles seriam usados para atender as pessoas que amo. Verdade mesmo! Afinal de que adiantaria eu ter tudo que desejo e não ter ao redor pessoas felizes, realizadas e de bem com a vida? De que me adiantaria viver uma felicidade eremita? A vida tem que ser compartilhada e se a pessoa que desejamos, que amamos, que queremos bem, não está feliz, de que servirá a nossa felicidade solitária?
Vivemos tempos difíceis. A crise econômica agora abraça o mundo inteiro e povos que nunca souberam o que é recessão agora sofrem e não sabem lidar com a situação e a necessidade de apertar o cinto. A falta de dinheiro e a sua desvalorização, o desemprego, o aumento do custo de vida, tudo isso pegou o resto do mundo de surpresa e agora há desespero, pânico e desequilíbrio familiar, emocional e estrutural na sociedade. Quando digo ‘no resto do mundo’, é porque para nós brasileiros isso não é novidade. Sabemos bem o que é ter que cortar os gastos, restringir o consumo ao mínimo, viver com o básico do básico. Sair pela casa tirando todos os ‘’plugs’ das tomadas, correr para a fila de combustível antes da meia noite para pegar o produto antes do aumento quase semanal, virar fiscal de supermercado para que estes não remarcassem os preços das mercadorias na calada da noite, comer carne em dias alternados da semana e ainda por cima ficar atentos às medidas do governo para sacar o dinheiro da poupança antes de serem confiscados.... ufff.. !!
Já tivemos tempos difíceis e hoje podemos dizer que somos PhD nessa matéria, com direito a diploma na parede, anel no dedo e tudo mais que um título pode oferecer. Quem não se lembra dos planos e mais planos econômicos quando a nossa moeda mudava de nome e perdiam zeros e mais zeros e os cifrões eram reduzidos a uma dezena, mas que em pouco tempo já virava centena novamente? O valor gasto para a compra do mês, quinze dias depois não dava para pagar a compra da semana seguinte e por isso cada brasileiro tinha em casa um mini mercado, pois precisava fazer estoque se quisesse passar melhor os trinta dias do mês. As dívidas se multiplicavam assustadoramente, pareciam feitas a base de fermento de pão e muitos brasileiros perderam tudo por isso.
Tempos difíceis aqueles que passamos, mas que com esforço político e muita paciência do povo brasileiro, conseguimos ao longo de governos e mais governos, controlar e quase extirpá-la da nossa vida.. Ainda sofremos com a nossa economia, mas já não tanto. O grande dragão continua um tanto adormecido. Se bem que esta semana a capa da revista Veja me fez sentir um frio na espinha por ter nela estampada a fotografia do "monstro" com um dos olhos abertos e a chamada de que ele está acordando... Será?? Deus não permita isso. Já sofremos muito e não merecemos passar por tudo novamente.
É lamentável ver tudo se repetindo nos continentes onde estão os países classificados como Primeiro Mundo e mais lamentável ainda é ver pessoas queridas passando por essa experiência. Pessoas que sempre viveram uma economia estável, tendo condições de planejar cada detalhe, condições de calcular o futuro de cada passo a ser tomado na vida.
Recordo-me como se fosse hoje, algumas pessoas embasbacadas quando eu revelava alguma "rotina econômica", como gosto de chamar, para conseguir sair de viagem, comprar um carro, substituir as roupas do armário ou os sapatos já gastos... Crediário para pagar até mesmo uma refeição na churrascaria, num dia de domingo, com a família; a emissão de cheques voadores para conseguir reunir os amigos em casa a fim de comemorar um aniversario, enfim... quando contava do nosso dinheiro de plástico que servia para rolar as dividas para os meses à frente permitindo que respirássemos e vivêssemos dia-após-dia dignamente.
Infelizmente a praga se alastrou e hoje cobre o mundo. Só tenho a lamentar por quem amo e pelos demais pois sei bem o que ainda enfrentarão. É uma novidade cruel, que machuca, desestabiliza, causa dor e sofrimento, rouba a paz!
Não posso fazer nada pelos que amo a não ser ficar aqui deste outro lado torcendo para que tudo se resolva da melhor maneira possível e que eles consigam encontrar a solução para os seus problemas ou uma forma de conviver condignamente com a crise sem perder a esperança, a alegria e amor.
Mas, agora concluindo, se eu tivesse uma varinha mágica ou ganhasse o direito de realizar alguns desejos, alguns deles seriam visando a paz, a estabilidade econômica, a harmonia e união dos povos do mundo. Outros para atender os meus sonhos de consumo e da minha família, e agora sendo egoísta, muitos deles seriam para realizar diversas vezes um mesmo desejo meu: o de reviver... e re-reviver.... e voltar a reviver os momentos maravilhosos que vivi com alguém que agora é parte de mim e é claro que para isso todos os seus problemas já teriam sido solucionados porque só assim eu o teria inteiro só para mim! Problemas só atrapalham. E como diria Juvenal Antena.. "muita calma nessa hora“!!! - não estou certa?