8 de mai. de 2008

Não há partes prediletas

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Não há partes prediletas de teu corpo
que me excitem os sentidos
e me façam as pupilas e a vagina mais molhadas,
como pedaços de um ícone quebrado.
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Te quero pleno, inteiro e articulado
se enroscando em meus pedaços,
a dar-me
uma visão inteira de mim mesma,
no espelho abissal de teu abraço.
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Não há partes prediletas de teu corpo,
pois o que seria de mim, sob teu peso,
ao sentir teu pênis meu e teso
sem, antes, um afago nos cabelos?
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Não há partes no todo predileto
de teu corpo, lábios, nuca,
a pequena marca sobre o peito,
mamilos, calcanhares, a garganta.
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Partes...
- - - - -e inteiro
me ficas, predileto,
no teu cheiro espalhado sobre a cama.
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(Lúcia Afonso)

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